Desde o jamaicano Marlon James ganhou o prestigioso Prêmio Booker, sua carreira literária foi lançada a um nível de sucesso compatível com sua qualidade.
Assim, após a chegada à Espanha de sua “Breve história de sete assassinatos”, começa também a publicação da primeira parte de uma saga com um ponto de metaliteratura, com uma ação clara e dinâmica, mas com um fundamento alegórico e fabuloso. Algo como Yann Martel com aquele romance sugestivo: A vida de Pi, mas no caso do Marlon com mais desenvolvimento e um ponto do gênero negro.
Qualquer abordagem metafórica serve à causa de comparação de um ponto de vista externo. E no romance Black Leopard, Red Wolf há muito dessa visão comparativa para mergulhar em aspectos introspectivos, como medo e outros aspectos contextuais de nossa civilização, como poder, moralidade e até mesmo corrupção.
A partir de uma noção estranha, a prosa brilhante desta extensa obra vai muito além de uma intenção de recriar mundos fantásticos dos quais extrair uma moral final.
Nesta história há violência e mistério, uma recriação espelhada de nosso mundo apenas alienado pelos piores presságios de uma daquelas distopias centradas em um pequeno cenário. Apesar de oferecer um primeiro vislumbre evocativo do George RR Martin mais imersa na epopéia do fantástico, essa primeira parte da saga de Marlon tem um noséqué do diferente, com maior trabalho na forma, sempre carregada de simbolismo, e de maior substância na resolução de tantos enigmas em torno de personagens como o Tracker, a criança perdida (e talvez bem perdida para a paz de todos)
O gênero de aventura adulto de hoje está ganhando cada vez mais sofisticação, e autores como Marlon James parecem querer assumir a liderança.
Ao mesmo tempo com esta saga que aponta para uma descoberta antológica do gênero.
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