O narrador catalão MaurÃcio Wiesenthal é o paradigma do homem de letras além da figura do escritor. Porque a literatura é tudo e visa a comunicação e até o sentido da linguagem. E Wiesenthal busca mais (e encontra) esse poder da história para se mover entre diferentes realidades com suas pretensões de transcendência mais do que nunca necessárias.
Nada é mais necessário para a humanidade do que receber informações bem contadas pelo prisma da mais absoluta subjetividade de tudo. A verdade, quando existe, é inócua, um conceito sem gosto nem distância. Já a realidade é o adereço final regado pela perspectiva subjetiva do viajante ou de quem conhece a viagem, se estivermos falando de livros de viagem, por exemplo, como ocorre com as obras de arte. Javier Reverte ou paul théroux.
Assim, tipos como Wiesenthal transmitem a vida como literatura, compondo a história do vivido a partir de um aspecto histórico, antropológico ou mesmo enológico (dado o gosto particular do autor por este último mundo). E assim seus livros adquirem esse valor agregado para finalmente serem altamente recomendados para a leitura de um de seus livros.
Os 3 livros mais recomendados por Mauricio Wiesenthal
Orient-Express
O homem construiu a mais bela artéria metálica para unir toda a Europa num eixo longitudinal. Com a sua evocação do século XIX, a vida avançava nos carris do Expresso-Oriente num estrondo de anseios, paixões, esperanças, noites intermináveis ​​e sonhos de modernidade. Ninguém melhor que Dom Mauricio para nos trazer o aroma daquelas carroças com visto ao passado mais esplêndido.
O Expresso-Oriente foi durante décadas o sÃmbolo de uma Europa diversa, cheia de personagens, cheiros, cores e sabores variados, unida por este comboio que, mais do que um meio de transporte, foi uma forma extraordinária de civilização e entendimento entre as pessoas. .
Mauricio Wiesenthal, com sua prosa envolvente e perfumada, nos transporta a paÃses e emissoras, narra suas histórias e lendas e cria uma história viva e evocativa, a meio caminho entre memórias e ensaios. «A literatura do comboio tem de ser, necessariamente, impressionista e confusa. O trem nos dá um destino, uma distância, uma vida após a morte sem significado ou julgamento final. E isso torna as histórias mais belas e voluptuosas que, como noites de trem ou aventuras de amor, não têm começo nem fim.
O esnobismo das andorinhas
Com a parte necessária e indiscutÃvel da impressão subjetiva que todo livro de viagens tem, este trabalho nos conduz por aqueles submundo que ainda convivem com o turismo em qualquer cidade do mundo.
Como espaços também em perigo de extinção, a literatura de Wiesenthal serve à causa de alguns últimos instantâneos da fisionomia urbana das grandes cidades que as distinguem das demais, muito além da uniformidade do comercial e do reconhecÃvel para os viajantes de segunda categoria. se não conseguirem encontrar um Zara em Joanesburgo.
O centro da narrativa gira em torno de inúmeras cidades em que o autor residiu e conta sobre elas tanto anedotas transcendentais como todo tipo de detalhes surpreendentes e histórias curiosas, sempre relacionadas ao mundo da cultura. Assim viajaremos de mãos dadas com o autor por Viena, Sevilha, Topkapi, Roma, Florença, Paris, Dublin, Versalhes, Barcelona, ​​​​etc.
Hispanibundia
É curioso que, quando um narrador de sobrenomes castizo expõe a missão de contar algo sobre a Espanha que foi ou as essências do que é hoje, todo filho de um vizinho se prepara com seus rótulos virados para elevar aos altares o referido. do fascismo ou comunismo. Diz muito sobre os polarizados, não só socialmente, mas também mentalmente.
Assim, sendo igualmente espanhol, mas introduzindo o apelido de forma diferente para os analfabetos dos dois lados da trincheira, o voto de confiança dá para assistir a uma leitura mais descontraÃda e desfrutar de uma história com traços partilhados nesta PenÃnsula Ibérica separada do resto da Europa pelos Pirenéus e com o seu fosso perimetral cheio de mares e oceanos ...
“É possÃvel que o hispanibundia nada mais seja do que a vehementia cordis (veemência do coração) que, segundo Plinio, distinguiu os hispânicos. Com hispanibundia, os teólogos da Contra-Reforma reagiram à s teses de Lutero. Movidos pela febre espanhola, os conquistadores aventuraram-se nos desertos, nas cordilheiras sagradas e nas selvas do Novo Mundo.
A Hispanibundia lançou nosso exército InvencÃvel contra as costas da Grã-Bretanha e da Irlanda. E com a dor espanhola, as melhores páginas de nossa literatura foram escritas. Hispanibundia é a energia vibrante que os espanhóis produzem quando vivem, pensem que são espanhóis ou não, aceitem ou não, se encontrem no exÃlio forçado ou fingem ser estrangeiros em sua terra natal e estranhos à sua.
Convencido de que os povos só mudam quando se esforçam honestamente por conhecer sua história, Mauricio Wiesenthal procura contribuir com seu grão de areia para a compreensão dessa realidade complexa que se moldou ao longo dos séculos e da qual, para melhor ou para melhor. Para pior, fazemos parte dela e somos herdeiros.