Os 3 melhores livros de Toni Morrison

Houve um tempo em que usar pseudônimos masculinos para escritoras era quase imperativo para alcançar aceitação social. Os preconceitos sobre a capacidade de escrever de uma mulher eram assim. Casos como o de Isak Dinesen o Mary shelly ou mesmo hoje em dia certos escritores com uma queda por pseudônimos ambíguos, como JK Rowling...

Talvez por esse motivo, a escritora Chloe Ardelia Wofford decidiu persistir em seu pseudônimo Toni Morrison, como forma de evocar injustiças e preconceitos ainda enraizados em determinados setores por sexo, raça ou religião. Porque este autor afro-americano teve como suporte narrativo a realidade atual de uma sociedade americana conformada naquele amálgama de culturas em que o afro-americano ou o latino ainda guarda certo estigma diferenciador.

A vocação literária de Toni manifestou-se tardiamente, com um primeiro romance publicado na época em que os escritores olham atualmente para a sua consolidação como autores de certo renome ou para o abismo da mediocridade que acaba por frustrar as vocações literárias.

É claro que quando surge uma figura como Toni Morrison com sua qualidade literária, sua virulência temática e sua vocação de cronista envolvida com a atualidade, os estereótipos acabam sendo explodidos para acabar elevando uma voz necessária para entender o que é a miscigenação em um representante. sociedade do Ocidente, como os Estados Unidos.

Os 3 melhores livros de Toni Morrison:

Amado

O paradigma bíblico do pai convidado a executar seu próprio filho para alcançar algum tipo de salvação. Abraão está prestes a condenar seu filho Isaac à morte.

Uma revisão moderna com o componente de estigma de ser mulher e também negra, uma condenação per se. Sethe é uma escrava, sua vontade enfrenta a parede da realidade onde ela só tem que se refugiar na sombra ou se carimbar grosseiramente.

Sua amada filha escreveu o mesmo destino na sombra da parede, o destino cruel e o mal que a assombra desde tenra idade.

Quando a morte é a única solução possível para as imposições de uma realidade absolutamente cruel, sem dúvida a narração que acompanha esta abordagem acaba sendo uma história polarizada entre amor e ódio, entre saudades e pesadelos…. Um romance tão desconcertante quanto perturbador em sua dureza tangível e reconhecível em nosso mundo.

Amado

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O momento em que você se entrega aos valores de uma nação que defende a liberdade e o próximo momento em que você deve assumir que tudo é uma careta de ironia.

Ninguém disse a Frank Money para ir para aquela Guerra da Coréia que durou infrutíferamente entre 1950 e 1953, pelo menos era o que ele consideraria ao retornar, sendo um veterano sujeito às mesmas desconsiderações anteriores, ou ainda piores.

Mas, no fundo, Frank precisa de causas. No passado foi uma guerra em que ela não pintava nada e agora ela é sua própria irmã Cee, abandonada pelo marido e condenada a uma infinidade de infortúnios por pensar que poderia participar de uma sociedade americana aberta a todos os tipos de pessoas independentemente de outras condições.

A causa da frágil Cee, apoiada por Frank, vira uma história em busca de uma compensação impossível por danos inimagináveis...

A busca de justiça diante da aberração que não encontra uma sentença que libere o castigo da vítima.

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Noite das crianças

Em Amada, a especial sensibilidade do autor para com a infância já foi adivinhada, principalmente quando ela é submetida a crueldades que pairam sobre a condição social ou racial.

Bride era uma criança rejeitada desde que saiu do ventre de sua mãe. A genética é inconstante e os genes podem pular gerações até que os dados criem uma característica inesperada. A noiva é negra, como alguns de seus ancestrais.

Mas ninguém esperava que fosse assim. De uma infância de repúdio e culpa, avançamos para uma maturidade construída sobre a fraqueza das deficiências.

Fingir integração social pode funcionar por um tempo, dependendo das habilidades sociais de cada pessoa. Mas Bride está à espera de uma explosão de realidade onde emergem a culpa e a tristeza.

Noite das crianças
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