Os 3 melhores livros de Camilo José Cela

O selo galego é algo que Camilo José Cela mantido ao longo de sua vida. Personagem singular que poderia levá-lo do loquaz ao segredo máximo, surpreendendo entretanto com alguma explosão adornada com blocos seletos do aroma da prosa tradicional, aquela prosa por vezes escatológica que frequentemente refletia nos seus romances.

Polêmica política e às vezes até humanamente, Cela era uma personagem polonesa, admirada e repudiada em partes iguais, pelo menos na Espanha.

Mas, estritamente literário, geralmente acontece que o gênio acaba compensando, ou pelo menos suavizando, qualquer indício de personalidade raivosa. E Camilo José Cela teve aquele génio, o dom de recriar cenas inesquecíveis de personagens vívidos, contraditórios, face ao mundano mas também existencialista, vislumbres da dura vida de uma Espanha condenada ao conflito, sobrevivência a qualquer preço e exposição à sujeira. do ser humano.

Uma vez no pântano da vida, Cela sabe resgatar valores como o amor ou a integridade, o aprimoramento e até a ternura pela causa. E mesmo quando, entre o fatalismo de nascer nos berços da pobreza, você pensa na pouca graça de crescer mais um deserdado, o humor ácido ou límpido de ambos acaba fazendo você ver que a vida brilha mais quando se destaca. no contraste da escuridão.

3 romances recomendados de Camilo José Cela

Família de Pascual Duarte

Às vezes considero que talvez a amargura de não conseguir chegar aos ecos deste primeiro e grande romance possa dotar a personagem de Cela dessa acidez. Porque para mim esta é sua grande obra, um romance da juventude que dificilmente alcançou seu vôo em nenhuma outra ocasião subsequente.

Resumo: Gravura sombria da Espanha rural, a família de Pascual Duarte ganhou força e drama ao longo dos anos e seu protagonista, que não perdeu seu charme original, já é um arquétipo de alcance universal.

Publicado inicialmente em 1942, Família de Pascual Duarte é um marco decisivo na literatura espanhola e é, depois de Dom Quixote, o livro espanhol mais traduzido para outras línguas.

Pascual Duarte, camponês da Extremadura filho de um alcoólatra, conta-nos a sua vida enquanto aguardava a sua execução na cela dos condenados à morte.

Vítima de uma fatalidade inexorável, Pascual Duarte é um ser primitivo e elementar dominado pela violência, única resposta que conhece à traição e ao engano. Mas essa aparência sinistra nada mais é do que a máscara que esconde sua incapacidade de lutar contra o mal dos outros e o desamparo desamparado que ele guarda no fundo de sua alma.

Família de Pascual Duarte

La Colmena

Outro dos grandes romances mais conhecidos de Cela é este. Madrid volta a ser aquele grotesco Valle-Inclán. A melancolia de viver com a sabedoria de que não houve um passado melhor para aqueles personagens afundados no arrependimento do que nunca foi e do que nunca será.

Personagens de todos os tipos e relações variadas para enriquecer aquela atmosfera pessimista mas absolutamente enriquecida no literário e humano.

Resumo: La colmena, seguramente a obra mais valiosa de Camilo José Cela, é um fiel testemunho do quotidiano nas ruas, cafés e quartos daquela Madrid de 1943, mas é também uma amarga crónica existencial. Um ar de rotina e desgraça invadiu a consciência das pessoas.

Todos acreditam que as coisas acontecem porque acontecem e que nada tem remédio. Entre a multidão heterogênea, o zumbido solitário de muitos seres confusos e à deriva pode ser ouvido. Como de costume em sua obra, Cela apresenta a vida espanhola sem piedade, com amarga ironia e humor atroz. No entanto, de vez em quando, um murmúrio simpático alivia a dura e dolorosa realidade.

La Colmena

São Camilo 1936

Mais complexo de ler, talvez porque se debruça sobre os prolegómenos da Guerra Civil, em que Cela participou a nível nacional, conhecemos as motivações de diversas personagens para apoiarem um ou outro lado. Trata-se daquela prostituição fácil da verdade, uma verdade intangível, irreal, ajustada à necessidade ou pretensão ...

Resumo: Nos três dias cruciais do levante militar de 1936, um narrador-protagonista reflete sobre a existência individual e histórica por meio de monólogos sobre o contexto social da vida madrilena e de um povo que pede armas para enfrentar a rebelião.

Uma galeria de personagens de classe média, funcionários públicos, mulheres devotas e prostitutas é assim revelada a nós que vivem em cafés, sótãos e bordéis, sem suspeitar que o que está se aproximando é uma atroz guerra civil de três anos.

São Camilo constitui um experimento narrativo deslumbrante, um romance de vanguarda que dá uma nova guinada em A colmeia.

São Camilo 1936
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