A Confusão do Unicórnio, de Paco Muñoz Botas

La romance policial pode ser trufado com uma infinidade de condimentos. É uma busca pelo enriquecimento mais inevitável em um gênero que encabeça as prateleiras mais vendidas de qualquer livraria. Porque, convenhamos, gostamos de ler desventuras em meio ao caos; casos macabros na forma de emaranhados onde a vileza, a miséria e o desejo de prosperidade justificam qualquer intervenção de seus personagens.

Algo assim aponta este romance "A confusão do unicórnio" com evocações a esse Tom afiado que nos ensinou a combinar humor com noir para acabar compondo cenários nunca antes apresentados. Porque as ambições humanas têm muitos extremos entre o ridículo, o grotesco e o surreal, e o trágico transformado em comédia.

Nada melhor para isso do que ampliar o foco para vários personagens que tecem a teia de aranha onde os leitores estão presos. É a magia desses microcosmos transferidos para o mundo preto-sobre-branco da literatura que conseguem nos mimetizar com uma diversidade de personagens em busca desse crescimento a todo custo. Uma tarefa à qual Paco Muñoz Botas se entrega com precisão cirúrgica.

É claro que entre toda a plêiade de personalidades em direção ao barulho, ou a explosão controlada de uma trama muito bem montada, gostamos mais de perfis suculentos como o de Álvaro. Nele encontramos o estereótipo do vencedor impecável diante das aparências que sua reputação exige nos controles de um banco de prestígio. Só que ninguém é a mesma pessoa de dentro para fora, muito menos esse tipo de gente carregada de aparente bondade mas entregue às sombras de suas filiações mais insuspeitas...

Todo homem bom sempre encontra seu inimigo em obras de ficção e na realidade. As transferências de Álvaro para o seu lado Mr Hyde podem ser muito caras. Nas perseguições e tentativas de derrube, que vemos pairar sobre Álvaro por obra e graça do perturbador Knepougel, desfrutamos desse gosto pelo declínio dos falsos ídolos do Olimpo, das finanças e dos vícios indizíveis.

Entre os planos e as coincidências nunca negligenciáveis ​​com seus imprevistos, a história avança com aromas daquela virada que podem vir a qualquer momento nos deixar sem palavras. Para isso, a aparição providencial de Blanchet faz a trama decolar em direção a novos pressupostos. E é que nas relações humanas não há triângulo que se sustenta. Nem no amor nem no crime...

Um romance que vale a pena provar, parando naquelas nuances de trufas que inicialmente indiquei. Não podemos perder nenhum detalhe, pois o desenvolvimento se torna complicado, como qualquer bom romance de suspense. O cenário entre a Madrid mais rica, onde as vontades e interesses dos mais sombrios se enraízam, acaba por assinar uma apresentação perfeita para um fascinante desenvolvimento de thriller.

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