Os 3 melhores livros de Guillermo Arriaga

A herança de Juan Rulfo mais voltado para a crônica de estranhamento, combinando realismo bruto e vislumbres de fantasia metafórica encontrada em Guilherme Arriaga esse tipo de continuação de qualquer escola que tende a ser associada para cada país. E que a escola mexicana tem tantas ramificações possíveis como grandes autores do passado e do presente.

Somente no caso de Arriaga a obra se diversifica e o cenário muda seu foco do rural para o urbano, dinamizando as tramas com mais diálogos e tornando as tramas mais tensas com experiências no limite. E, no entanto, aquele Rulfo que sussurrava as suas histórias dos Llano en Llamas ainda está lá, na câmara da consciência de Arriaga. Talvez desenhando o existencial com uma pitada de fantasia nebulosa que só nos faz sentir ainda mais o efeito da leveza crua que rege a vida.

Depois temos o lado cinematográfico, o salto de Guillermo Arriaga para um mundo do roteiro que lhe trouxe grandes sucessos estendidos à versão asteca da sétima arte, se a sinédoque for permitida.

Mais do que tudo porque a caracterização claramente mexicana em forma e substância, em uma filmografia que gira em torno da "Trilogia da Morte", serve como uma brilhante reflexão sociológica de um universo capital do México moderno.

Mas o que é fascinante em Arriaga é essa dualidade, a compatibilidade, o encaixe entre o cinematográfico e o literário. E é que se seus filmes são magnéticos, seus romances completam uma visão de sua obra muito mais profunda e intensa a partir da habilidade mágica da leitura para abordar mundos mais complexos repletos de nossa imaginação.

Os 3 romances mais recomendados de Guillermo Arriaga

Estrangeiro

O mundo não avança há séculos graças ao trabalho e à graça da classe política, pelo menos como agora a concebe, tão distante dos primeiros senados e ágoras do nascente Ocidente... Tudo avança pela vanguarda da criatividade, seja ciência ou arte, literatura, ética ou qualquer outra atividade diferencial do ser humano. Só que o avanço às vezes supõe um confronto com o reacionário.

Personagens como William nos imergem totalmente naquele outro despertar social que envolve o extremismo para neutralizar forças centrípetas que finalmente anulam seu afundamento. A vanguarda como uma ousadia quase mágica, à la Dorian Gray, assumindo todos os riscos que uma nova crença acarreta.

Inglaterra, 1781. William Burton, um jovem nobre, enfrenta um encontro cuja intensidade marcará e mudará sua vida. Resolvido, ele embarca em uma aventura onde conhecerá os gênios da época, de quem absorverá todos os conhecimentos e experiências que colocarem à sua disposição para enfrentar situações extremas.

Amizade, amor e determinação serão seus aliados para enfrentar um mundo bizarro e cruel, no qual seu caráter será testado e você terá que demonstrar se tem coragem de se tornar quem deseja ser ou se arrependerá para sempre de sua falta de coragem. coragem. .

Estranhos cobre a fascinante decolagem da ciência no século XVIII e sua luta com posições religiosas e aristocráticas. No cerne deste romance está uma profunda reflexão sobre a insondável condição humana e nos leva empaticamente ao mundo do diferente e do anômalo, em um desfile de personagens cativantes com vidas no limite.

Arriaga dá uma guinada em sua narrativa com este romance magistral, cuja ferocidade leva o leitor à vertigem e ao confronto com seus mais íntimos medos, mágoas e preconceitos.

Estranho, Guillermo Arriaga

Salve o fogo

A alma é a centelha capaz de despertar o fogo. Porque, além da consciência, encontramos os elementos primários de que somos feitos. E sim, somos uma grande parte da água no material. 

Mas o fogo é a outra parte que nos dá vida e nos consome o oxigênio que respiramos. Talvez seja porque José conhece aquele fogo que habita o fundo da alma e se entrega sem reservas às suas exigências, para o bem ou para o mal...

Nada melhor que o destino determinado por sua parte a provocar o encontro com Marina, situada do outro lado do espectro vital, onde se desconhecem os incêndios soterrados pela areia da rotina e do pressuposto da convenção. Mas é claro que o fogo tem seus riscos, o perigo de perder a cabeça ao se entregar ao fogo que tudo devora, onde se queimam vaidades e desejos, sonhos e culpas, purificando a alma sem levar em conta o fogo causado ao seu redor. A trama é enriquecida por sua visão multifocal. 

Tudo o que acontece está localizado no centro de um universo apresentado por vários personagens observadores, talvez no início, mas finalmente cercado por fogo. Com esse componente já inerente ao autor de um relato crítico do social, Salvar el fuego nos lança na vala aberta aos desequilíbrios mais perversos do nosso mundo atual com uma história original voltada para a convicção do impossível como única forma de sintetizar o que é necessário da violência, do amor, da descoberta e da libertação do medo.

Salve o fogo

O selvagem

A verdade é que há uma componente de inovação em Guillermo Arriaga. E são muitos os que o evidenciam desde o formal, na técnica narrativa. Mas pode ser que a valorização do que é inovador seja também uma questão do transgressor das tramas de Arriaga, da componente de ligação do literário com o behaviorista, com a análise das motivações sondadas magistralmente por Arriaga, como se ele próprio vivesse em seus personagens ao limite e poderia traçar os motivos mais profundos. 

Uma árdua tarefa aliviada pelas intervenções de seus próprios personagens, às vezes coloquiais, sempre acelerados, de partir o coração. Nessa potência narrativa, um personagem como Juan Guillermo, abandonado à sua desgraça de órfão em um mundo monstruoso, torna-se um personagem hamletiano, atormentado antes da idade natural do tormento. e tal varanda para o abismo serve para uma trama centrada na vingança como única forma de sobrevivência, como único fim possível. 

Com um ponto desconcertante mas que no final descarrega a trama e traça aquela estranha linha paralela entre existências que jamais poderiam se entrelaçar, o surgimento de Amaruq é cativante. Amaruq aparece praticamente perdido entre o Canadá e o Alasca em busca do lobo que deseja caçar como se fosse a última coisa que tivesse que fazer na vida. A fusão das duas histórias soa como ecos dos dois mundos, de referências oníricas de um caso sobre o outro. Mas no final, magicamente, eles acabam sendo iguais.

O selvagem

Outros livros recomendados por Guillermo Arriaga…

O búfalo da noite

A história mais íntima de Arriaga. Porque o enredo mergulha nos universos internos dos protagonistas do triângulo existencial. 

Gregório, Manuel e Tânia compõem uma história trágica que pretende clamar pela vida e pelo amor apesar de tudo, mas que no final acaba recebendo a pontuação da loucura com uma dor psicológica dilacerante. Porque a amizade nunca combina com paixões compartilhadas. 

E, no entanto, o inevitável é apenas porque, sem qualquer alegação possível. Como o ser humano encontrou na ficção um canal incomparável para equilibrar emoções e buscas essenciais, o amor e a morte tornaram-se os opostos de qualquer narrativa. 

Arriaga soube oferecer-nos uma nova leitura na mesma fronteira que separa a alegria eterna do amor e da dor insuportável do desgosto que leva à loucura com a teatralidade das histórias clássicas ou com a proximidade perturbadora de uma narrativa atual como esta.

The Night Buffalo
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